A luta para barrar o
plano de
reestruturação do
Banco do Brasil –
fechamento de 361
unidades de
atendimento, sendo
112 agências, e
demissão de cerca de
5 mil funcionários
em plena pandemia –
começou na
última quarta-feira
(13) com a aprovação
de um calendário de
mobilizações
nacionais pela
Comissão de Empresa
dos Funcionários (CEBB),
ratificado pela
Contraf-CUT,
sindicatos e
plenárias em todo o
país.
As mobilizações
acontecerão em todos
os estados. A
primeira ocorreu
nesta sexta-feira
(15) com um Dia
Nacional de Luto. O
calendário prevê,
ainda, uma nova
reunião da CEBB,
desta vez no dia 19
de janeiro, para
organizar as
manifestações de
21/1 – Dia Nacional
de Lutas Contra o
Desmonte e em Defesa
do Banco do Brasil –
e discutir
desdobramentos.
A avaliação da
plenária do Rio de
Janeiro é de que
para impedir a
reestruturação será
necessária grande
participação dos
funcionários e de
outras categorias
que também serão
atingidas com a
perda de empregos,
como os
terceirizados, entre
eles os vigilantes e
o pessoal
administrativo. Na
avaliação da
diretoria do
Seeb-Rio, “o
desmonte é
criminoso, pois vai
prejudicar toda a
população e todo o
país num momento de
crise sanitária e
econômica em função
da pandemia, em que
mais Banco do Brasil
se faz necessário”.
Para os bancários, o
plano de
reestruturação do BB
tem como objetivo
preparar a
privatização do
banco para dar mais
lucro ao setor
privado e fazer
caixa para o ajuste
fiscal do governo.
Aumenta, ainda, a
dependência do
Brasil junto aos
países
desenvolvidos,
principalmente os
Estados Unidos,
exigindo, por isto
mesmo, além de uma
mobilização
crescente do
funcionalismo, a
articulação de uma
luta nacional e
unitária com
trabalhadores das
demais estatais que
passam por processos
de desmonte
semelhantes,
fechamento e
privatização de
unidades e
demissões. Entre
estas, a Caixa
Econômica Federal,
os Correios e a
Petrobras. “Esta
luta deve buscar a
participação, ainda,
de toda a sociedade
que será atingida
pelo ataque ao setor
público”, destacam.
Desmonte desgasta
Bolsonaro
Do movimento
nacional de pressão
para barrar a
implantação do
desmonte do BB farão
parte ainda
parlamentares que
estão sendo
contatados pelos
sindicatos e pela
Contraf-CUT. O
desgaste provocado
pelo plano de
reestruturação foi
muito grande e fez
com que Bolsonaro
ameaçasse demitir o
presidente do BB. A
notícia da demissão
de André Brandão –
motivada, segundo
‘fontes palacianas’,
pelo
‘descontentamento de
Bolsonaro’ com a
reestruturação – foi
avaliada pela
plenária de
quarta-feira “como
uma cortina de
fumaça, visando
protegê-lo de um
imenso desgaste num
ano pré-eleitoral”,
informa o jornal
Bancário.
De acordo com a
imprensa, embora a
proposta de
reestruturação do
Banco do Brasil
tenha agradado
investidores e sido
considerada positiva
pela equipe
econômica para um
reposicionamento do
banco com enfoque no
digital, o anúncio
foi considerado
inoportuno neste
momento em que o Palácio
do Planalto busca
influenciar na
eleição dos comandos
da Câmara dos
Deputados e do Senado.
Rita Mota, diretora
do Sindicato e
membro da CEBB,
avaliou que, de todo
o modo, Bolsonaro
está errado. “Se
sabia (do plano de
reestruturação) está
tentando fugir da
sua
responsabilidade,
querendo inventar um
motivo para não se
desgastar. Se não
sabia, é
incompetência, já
que Brandão é seu
subordinado e do seu
ministro da
Economia, Paulo
Guedes”,
argumentou.
Débora Fonseca,
representante dos
Funcionários no
Conselho de
Administração do
Banco (Caref),
defendeu a denúncia
mais ampla possível
dos prejuízos que as
medidas provocarão
ao BB e a toda a
sociedade. “Foi uma
decisão tomada a
portas fechadas,
para que apenas um
pequeno número de
pessoas soubesse.
Enviei ofício
[veja abaixo]
cobrando explicações
sobre as medidas e
os motivos que
levaram a direção do
banco a esconder as
informações que
tenho o direito
legal de saber”,
afirmou.
E acrescentou: “A
gente tem que fazer
um grande movimento
nacional de
resistência para que
este pacote seja
revisto, inclusive
com o apoio de
parlamentares. O
impacto do desmonte
é muito grande para
o BB e para todo o
país. Atingiu o
banco de uma forma
absurda. Temos que
atuar para
impedi-lo”,
afirmou.
O ataque ao Banco do
Brasil
O desmonte proposto
no BB durante a
pandemia reduz a
rede de agências do
banco, corta
salários, funções
gratificadas e prevê
a redução de 5 mil
postos de trabalho.
As medidas previstas
para serem impostas
no primeiro semestre
de 2021 englobam o
fechamento de 361
unidades, sendo 112
agências, 7
escritórios e 242
Postos de
Atendimento (PA),
além da conversão de
243 agências em
postos de
atendimento e a
‘transformação’ de
145 unidades de
negócios em Lojas
BB, estes dois
últimos, sem
gerentes e guichês
de caixa.
Com o fechamento de
agências e a sua
transformação em PAs,
serão cortadas
funções gerenciais e
de módulo, tendo o
banco anunciado,
também, a extinção
do pagamento
contínuo da
gratificação de
caixa. Os
funcionários destas
atividades sofrerão
uma redução salarial
significativa. Os
caixas passarão a
receber como
escriturários. Como
parte do plano de
desmonte do BB, o
governo federal,
maior acionista
individual do banco,
pretende dispensar
mais de 5 mil
funcionários através
do Plano de
Adequação de Quadros
(PAQ) e do Plano de
Desligamento
Extraordinário (PDE).
Segundo documento ao
mercado, intitulado
“Informação
Relevante”, assinado
por Carlos José da
Costa André,
vice-presidente de
Gestão Financeira e
Relações com
Investidores, o
plano está sendo
imposto para
‘adequar’ o BB ao
novo perfil dos
clientes que se
utilizam dos canais
digitais,
‘esquecendo’ que no
Brasil 47 milhões de
habitantes
simplesmente não têm
acesso à internet. E
para economizar R$
353 milhões em 2021
e R$ 2,7 bilhões até
2025, mesmo com
lucro líquido de R$
10,189 bilhões nos
primeiros nove meses
de 2020, dentro da
política de
diminuição do Estado
e de ajuste
fiscal.
Representante dos
empregados no
Conselho de
Administração
questiona direção do
BB sobre
reestruturação
A representante dos
funcionários no
Conselho de
Administração do
Banco do Brasil,
Débora Fonseca,
questionou a
administração da
instituição sobre o
plano de
reestruturação.
Confira a carta
encaminhada ao
Conselho do banco.
“Ao Conselho de
Administração do
Banco do Brasil
Senhor presidente,
O Banco anunciou o
programa de
reestruturação que
está causando grande
tensão entre os
milhares de colegas,
preocupados com o
futuro da empresa e
com sua própria
situação funcional.
A definição deste
programa deveria ter
sido avaliada e
deliberada com todo
o cuidado por este
Conselho, pois
altera o
planejamento
estratégico da
empresa, seu
posicionamento no
mercado e sua
presença nas regiões
e municípios
brasileiros. E tem
impactos profundos
nos salários e
lotação de milhares
de colegas.
Como Caref e
representante dos
funcionários no CA,
a lei me impede de
deliberar sobre
questões envolvendo
as de trabalho. No
entanto, o plano de
reestruturação
aborda temas muito
mais amplos do que
somente os relativos
aos nossos mais de
90 mil colegas.
Solicito informações
sobre todos os itens
que não sejam
diretamente
vinculados às
questões salariais
ou trabalhistas,
como fechamento de
agências e postos de
atendimento, além
das datas e
instâncias em que
aconteceram as
deliberações.
Débora Fonseca”
Fonte:
Seeb-Rio e
Contraf-CUT.
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