Um
pedido de exoneração
coletiva de todos os chefes
titulares e substitutos do
processo sancionador do
Ibama foi feito na última
segunda-feira e confirmado
na quarta (13),
paralisando todo o trabalho
nas área de análise,
conciliação e aplicação de
sanções do órgão, informa a
jornalista Ana Carolina
Cabral,
do blog “Ambiência”,
publicado pela Folha de S.
Paulo.
O movimento acontece em
resposta a uma decisão do
superintendente de apuração
de infrações ambientais do
Ibama (Siam), Wagner Tadeu
Matiota, que é coronel da
PM. Ele pediu a exoneração
do coordenador nacional do
processo sancionador
ambiental, Halisson Peixoto
Barreto. A decisão foi
confirmada em publicação do
Diário Oficial na quinta
(14).
Em reação ao anúncio da
exoneração, os chefes
titulares e substitutos das
seções comandadas por
Barreto colocaram seus
cargos à disposição através
de um ofício, ao qual o blog
teve acesso.
“Ante o pedido de exoneração
de Vsa. [em referência a
Barreto], formulado pelo
superintendente da Siam; e
considerando a conjuntura
criada a partir deste ato,
colocamos à disposição da
administração, com a
consequente exoneração dos
atuais chefes, os cargos de
chefes titulares e
substitutos da Divisão de
Contencioso Administrativo (Dicon),
Serviço de Apoio à Equipe
Nacional de Instrução (Senins),
Divisão de Conciliação
Ambiental (Dicam) e Serviço
de Apoio à Análise
Preliminar (Saap)”, diz o
ofício.
Líder técnico no Ibama desde
2013, Barreto comandava uma
equipe de cerca de 300
servidores, responsável por
processar as multas
aplicadas pelo Ibama e
indicar a sanção.
“Vale aqui ressaltar que o
senhor Halisson trabalhou
exaustivamente na construção
e implementação de todo o
processo sancionador
ambiental, nos moldes em que
está se almejando que
funcione”, diz uma carta
assinada por 31 servidores
do Ibama do Rio Grande do
Sul e enviada ao presidente
do órgão na última
terça-feira.
Segundo o blog, a motivação
pode estar ligada à disputa
de militares pelo poder do
Ibama, hoje presidido pelo
procurador da Advocacia
Geral da União (AGU),
Eduardo Fortunato Bim.
Bim tentou reverter a
exoneração de Barreto ao
longo desta semana, segundo
fontes ligadas ao órgão, mas
terminou por aceitar o
encaminhamento do novo
superintendente, que tem
autonomia para esse tipo de
decisão.
A ex-presidente do Ibama,
Suely Araújo, lembra que o
governo atual afastou as
principais lideranças que
ocupavam cargos na
autarquia.
“A saída do ex-diretor de
fiscalização, Luciano
Evaristo, por exemplo, um
líder reconhecido, era
esperada, é um cargo alto.
Mas tiraram o coordenador
geral de fiscalização e o
coordenador de operações
(Renê Oliveira e Hugo Loss)
após uma grande operação no
Pará dar certo. Na
fiscalização ambiental
trocaram todos os
coordenadores e chefes.
Agora tiram o líder da
instrução e julgamento dos
processos sancionadores”,
elenca.
“Tiram-se as lideranças,
desmotiva-se a equipe,
enfraquece-se a política
pública. Chegam onde querem
chegar, na fragilização da
autarquia que ‘incomodava’”,
afirma Suely Araújo, que
atualmente atua como
especialista sênior em
políticas públicas do
Observatório do Clima.
O presidente do Ibama e o
ministro do Meio Ambiente
não retornaram aos contatos
do blog.
Ouvido pelo VÍNCULO,
André Barbosa, da Associação
dos Servidores Federais da
Área Ambiental no Estado do
Rio de Janeiro (Asibama-RJ),
disse que Halisson é
um
servidor dedicado que se
empenhava muito para superar
os desafios de gestão que
enfrentava: “Infelizmente, é
mais um servidor da casa que
perde o cargo, provavelmente
para ser substituído por
algum apadrinhado militar
que desconhece totalmente as
funções do Ibama”.
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