Quando jovem e
diante de
decisões que
envolvessem
riscos
financeiros,
minha mãe, na
sua
simplicidade,
dizia: "Filho,
pensa bem, às
vezes, é melhor
o pouco certo
que o muito
duvidoso".
Guardei este
ensinamento, que
sempre esteve
comigo e foi
valioso em
muitas decisões
tomadas no
correr dos anos.
Ao longo da vida
exemplos
reforçaram este
aprendizado
quando gente, em
busca de lucros
maiores e
imediatos,
migrou de
aplicações
financeiras
conservadoras,
como a poupança
ou a renda fixa,
para aplicações
de risco e
amargaram
grandes perdas,
fazendo a festa
dos
"profissionais"
do mercado.
Ingressei no
BNDES em 1974 em
cargo de nível
médio. Vindo de
família simples,
não tive muitas
opções a não ser
a velha poupança
e as aplicações
automáticas no
"overnight" com
os espantosos
rendimentos
diários na
defesa contra a
corrosão da
moeda por conta
da alta
inflação.
Desde cedo fui
ativista em
nossa Associação
e no Sindicato
dos Bancários.
Participei do
amadurecimento
das relações
trabalhistas,
fazendo parte de
várias comissões
de negociação
que levaram à
assinatura de
Acordos que
garantiram
minimamente o
poder de compra
dos salários,
bem como avanços
e ampliações de
benefícios e de
outras questões
de natureza
institucional.
Nesta seara,
aprendi que o
reajuste
salarial deve
ser o centro da
negociação, pois
é ele que
recompõe o poder
de compra dos
salários. Para
um país que
viveu a
hiperinflação
dos anos 80,
isto era
fundamental. O
abono era uma
"cenoura"
oferecida pelos
patrões para
aliviar os
empregados
desesperados na
data-base.
Posteriormente,
sob uma
legislação
específica,
surgiu a
Participação nos
Resultados – uma
verba referente
aos resultados
da empresa em
determinado
exercício.
A importância do
reajuste é que
ele incide sobre
todas as verbas
salariais, como
a hora extra,
abono de férias,
gratificação
salarial,
gratificação de
função, auxílios
refeição e
alimentação e
mesmo a PR,
sendo acumulado
ao longo de
nossa vida
laboral. É o que
define o padrão
de vida que
teremos no final
da carreira,
considerando, é
claro, o nível
de aspiração de
cada um,
oportunidades
aproveitadas e a
gestão racional
dos recursos
recebidos.
Colher bons
resultados foi
fruto de muito
trabalho.
Durante os anos
90, a Comissão
dos Empregados
era assessorada
por
representantes
do Dieese na
defesa de nossas
teses. Antes de
sentar à mesa, a
Comissão dos
Empregados –
composta pelas
AFs,
representantes
do Sindicato e
Dieese e membros
eleitos em AGE –
participava de
um seminário de
três dias na
Pousada Itaipava
para mergulhar
na Pauta de
Reivindicações,
preparar a
defesa de cada
um dos pontos e
organizar quem
faria a
argumentação.
Íamos para as
rodadas de
negociação
preparados e
organizados, com
unidade de
pensamento e
ação.
Creio ser
importante
compartilhar
esta vivência em
meio ao difícil
quadro
institucional
que estamos
experimentando
na negociação do
ACT 2014. Até
onde tenho
acompanhado, a
não implantação
do GEP Carreira,
acordado em 2012
e ainda não
posto em
prática, tem
sido a grande
frustração e o
entrave da
negociação.
Caminhamos para
o sétimo mês sem
reajuste
salarial e sem
perspectivas de
solução no curto
prazo, com o
risco de
avançarmos para
a negociação do
ACT 2015 sem
fechar o atual.
Caso isto
ocorra, não
acredito que o
DEST vá
autorizar a
aplicação dos
índices FENEBAN
nos dois
exercícios.
Afinal, a
proposta de
Acordo foi
feita, quem não
aceitou foram os
empregados. Com
o rigor do
ajuste fiscal,
certamente esta
parcela será
suprimida
definitivamente
de nossa massa
salarial.
Portanto, creio
que é o momento
de nossos
representantes
na Comissão dos
Empregados
fazerem uma
profunda
reflexão sobre
os rumos deste
ACT. Lutamos
muito para
consolidar a
instituição do
Acordo Coletivo
de Trabalho, que
proporcionou
grandes avanços
na rela-ção do
BNDES com seus
empregados.
É preciso
entender que a
luta por
melhorias – em
que área for –
não pode se
limitar à mesa
de negociação.
Mas se esta for
a única opção,
tem que se estar
disposto ao
enfrentamento e
a arcar com os
custos da
decisão. Não dá
para rejeitar
uma proposta de
Acordo e a opção
de fazer greve
numa mesma AGE.
Fora da mesa,
demandas
judiciais são
recursos válidos
para reparação
de direitos. Mas
um trabalho
permanente de
sensibilização
dos escalões
médio e
superiores da
empresa é
fundamental para
quebrar
resistências e
superar
obstáculos.
Hoje, o risco da
não percepção
dos 8,5% de
reajuste parece
não importar a
muitos colegas,
ainda na
perspectiva de
avançar na
questão do GEP
Carreira e de
outros pontos da
Pauta. De
imediato, pode
até ser. Mas
esta questão
deve ser
avaliada no
longo prazo para
evitar perdas
substanciais.
Para estimá-las,
pedi ao colega
Cláudio Abreu,
"o senhor de
todas as
planilhas",
alguns cálculos
para dimensionar
o rombo ao longo
dos anos. Tais
números seguem
no quadro
abaixo.