O
Editorial da AFNDES
– publicado no
VÍNCULO de 12 de
março – não é apenas
um curto discorrer
melodramático digno
das melhoras divas
do teatro, naquelas
cenas cheias de
ardor e paixão, com
a mão ora batendo no
peito ora escorrendo
pelo pescoço, entre
salientes veias, que
bem se compara às
descrições de
Galeano, em as Veias
Abertas da América
Latina, do século
passado. O nu
frontal bem poderia
ser substituído por
um nu mental, pois
ao clamar de
renascimento o não
desenlace das
questões do Acordo,
cravando como
vitória do corpo
funcional a situação
atual do ACT, e ao
mesmo tempo,
defenestrando
aqueles que, segundo
o Editorial "não se
importam com o Plano
de Carreira,
aposentados que
estão, ou em vias de
se aposentar",
demonstra ser um
renascimento
natimorto, pois
inclui no mesmo saco
preconceituoso,
funcionários que
viveram vários
BNDES’s ao longo dos
últimos 35 anos, com
uma verborragia
coberta de raiva e
desdém por aqueles
que construíram o
Banco.
É sempre bom separar
o joio do trigo.
Nunca é demais
lembrar que todos os
"aposentados ou em
vias de se
aposentar" guardam
lugar para os mais
novos, e brevemente
estes tomarão o
assento. Também
nunca é demais
lembrar que o BNDES
será de todos,
sempre. Aqueles
velhos que estão lá
fora – poderia
escrever laudas e
laudas recitando
seus nomes, de gente
digna que trabalhou
muito, em condições
tecnológicas abaixo
de zero – têm uma
bela História nesta
Casa. Aliás, a
ciência histórica
seria muito útil
para iluminar os
neurônios dos
signatários de tal
Editorial.
Além disso, não
custa nada atentar
para a necessidade
de termos certa
lógica na
comunicação escrita,
pois a chamada
principal do VÍNCULO
em tela estampa:
"Não vamos rachar o
corpo funcional", e
ao mesmo tempo traz
um Editorial infeliz
que traduz uma ideia
exatamente
contrária. Tenho
imenso orgulho de
estar prestes a me
aposentar numa
instituição que
atravessou várias
fases, algumas boas
outras nem tanto,
algumas até mesmo
ruins demais, e que
não lamento, apenas
as vivi com
serenidade, e se a
verdade é casta, ela
também é amiga e
amante – com ou sem
nu frontal – dos
equilibrados. |