O desmatamento na
Amazônia aumentou
222% em agosto deste
ano, em comparação
com o mesmo período
do ano passado,
segundo dados do
Deter, do Inpe
(Instituto Nacional
de Pesquisas
Espaciais), que
dispara alertas de
desmatamento para
ajudar nas ações do
Ibama. Nos últimos
meses, o
desmatamento, quando
comparado a anos
anteriores, vem
crescendo. Os meses
de junho e julho,
respectivamente,
apresentaram
crescimento de 90% e
278% no desmate em
comparação aos
mesmos meses de
2018.
Para criticar o
avanço do
desmatamento e as
queimadas que se
alastram na floresta
amazônica, a
Associação dos
Servidores Federais
da Área Ambiental no
Estado do Rio de
Janeiro (Asibama-RJ)
promoveu um ato no
Largo da Carioca na
última quinta-feira
5, Dia da Amazônia,
com o apoio da
AFBNDES e dos
movimentos "Amazônia
na Rua" e "Coalizão
pelo Clima Rio".Vídeos
no canal da AF no
YouTube.
Mesmo embaixo de
muita chuva,
servidores federais,
ambientalistas e
lideranças de povos
indígenas se
alternaram em
discursos contra o
governo federal, que
costuma contestar,
sem provas, os dados
do Inpe. O
presidente Bolsonaro
chegou a afirmar, em
julho, que o então
diretor do
instituto, Ricardo
Galvão, estaria a
serviço de alguma
ONG.
Galvão se defendeu
do ataque e passou a
sustentar argumentos
a favor dos dados e
da ciência produzida
pelo Inpe. As
informações sobre
desmatamento também
foram contestadas,
sem maiores
justificativas, por
outros integrantes
do governo, como os
ministros Ricardo
Salles (Meio
Ambiente), Marcos
Pontes (Ciência) e o
general Augusto
Heleno (Gabinete de
Segurança
Institucional).
Após a demissão de
Galvão, no início de
agosto, mais uma
crise se instalou
com o crescimento
das queimadas no
país. Bolsonaro,
novamente sem
provas, falou que os
incêndios poderiam
estar associados a
ONGs e propiciou
diversos incidentes
diplomáticos com
dirigentes da
França, Alemanha e
Noruega.
O presidente da
AFBNDES, Arthur
Koblitz, esteve
presente ao ato de
quinta-feira e falou
aos presentes: "Há
três meses, a
Asibama e a
Associação dos
Funcionários do
BNDES realizaram um
ato na frente do
BNDES denunciando as
medidas do ministro
Ricardo Salles
contra o Fundo
Amazônia. Hoje
ninguém mais tem
dúvida sobre qual
era o propósito do
ministro. Ele quer
um Fundo Amazônia
para financiar
grileiro ou dane-se
o programa. Ou o
Fundo serve para
ajudar aqueles que
ocupam terras na
Amazônia sabendo que
elas são de
preservação
ambiental para
receber dinheiro do
Estado ou o programa
deve acabar".
Para o presidente da
AFBNDES, Salles não
tem interesse na
preservação da
Amazônia. "O
ministro e o governo
que ele representa
não cansam de dizer
que o desmatamento é
um falso problema. E
o Fundo é um
programa de 3
bilhões e meio de
reais, recursos
alemães e
noruegueses doados
ao Brasil para
ajudar na
preservação da
floresta e na
promoção de
atividades
sustentáveis. Eles
usam contra o Fundo
o fato de que ele
não tem recurso
suficiente para
tratar dos problemas
da região, como se o
problema fosse esse.
Eles usam falsas
questões para
desmoralizar o
Fundo. E usam também
uma imagem que ficou
muito marcada na
mídia, na opinião
pública, de que o
BNDES é uma
‘caixa-preta’ para
denegrir o Banco e o
Fundo Amazônia. O
Fundo é auditado por
vários órgãos de
controle do Brasil e
dos países doadores.
E todos esses órgãos
foram unânimes em
dizer que o programa
era bem gerido pelo
BNDES e por seus
funcionários. O
Fundo foi
considerado um
sucesso
internacional e
inspirou a criação
de outras
iniciativas mundo
afora. E esse
governo quer botar
tudo isso abaixo",
destacou.
Arthur Koblitz
lembrou dos ataques
que vêm do próprio
governo federal: "Há
uma política de
intimidação e de
medo no Ibama:
exonerações,
mudanças sem
justificativa de
funcionários etc. A
gente queria
parabenizar todo
mundo que está
presente nesse ato,
nessa chuva, e
convocar vocês para
se juntarem nessa
corrente de defesa
da Amazônia, que é
um patrimônio do
povo brasileiro.
Trinta por cento do
nosso território é
Amazônia e para nós,
do BNDES, não há
projeto de
desenvolvimento para
o país que não conte
com a estratégia de
exploração
sustentável da
Amazônia. Falar
sobre o futuro do
desenvolvimento do
Brasil é falar sobre
como conseguir
preservar, como
conseguir explorar
de forma sustentável
a Amazônia. Que
futuro mais
derrotado a gente
poderia imaginar
para o nosso país do
que a imagem de uma
Amazônia devastada,
ocupada por gado,
ocupada por garimpo?
Dá para ter uma
imagem mais clara de
fracasso do que ver
as comunidades
indígenas que
escaparam da morte
em todos esses
séculos acabarem por
completo por causa
dessa política? É um
desafio da cidadania
brasileira proteger
a Amazônia e isso
sim é a verdadeira
defesa da soberania
nacional, e não
dessa soberania de
bravata que pregam
os militares ligados
ao governo. A defesa
da Amazônia é a
defesa do futuro do
Brasil".
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