Em 1º de agosto, a FAPES
implementou um novo
sistema de registro e
autorização para
consultas, exames e
procedimentos diversos
na rede credenciada do
PAS (Plano de
Assistência e Saúde)
denominado "Conecta
Benner". Em 25 de julho,
em seu portal, a FAPES
anunciava que o "Sistema
eletrônico de saúde
dispensa autorizações" e
"Beneficiários terão
atendimento mais rápido
na rede credenciada a
partir de 01/08/2019".
Mas não foi isso o que
ocorreu. Nas redes
sociais, principalmente
a dos assistidos a que
tenho acesso, surgiram
dezenas de reclamações,
como demora nas
autorizações de exames e
consultas, ausência de
registro do beneficiário
e seus dependentes,
sistema lento com
eventuais travamentos e
que não processavam a
autorização, dentre
outras.
Isto porque o novo
sistema transferiu para
o prestador de serviço o
trabalho de cadastrar e
autorizar os serviços
médicos, antes
processados pela FAPES.
No caso de exames
laboratoriais, esta
tarefa tornou-se por
demais demorada em
função do número de
itens pedidos e algumas
autorizações não foram
concluídas. Pelos
relatos, muitos
prestadores de serviços,
dentre médicos e
dentistas, sem afinidade
com tecnologia ou
secretárias capacitadas
a operar o sistema,
comunicaram o provável
descredenciamento.
Para minimizar estes
entraves, a FAPES
encaminhou
correspondência para
alguns beneficiários com
a relação dos
dependentes para que
comprovassem sua
vinculação ao PAS e
criou novos canais de
comunicação com
beneficiários e
prestadores de serviço
fora do horário de
expediente. Em resumo, o
novo sistema, além dos
desgastes e
constrangimentos, gerou
uma série de
procedimentos
redundantes.
Tudo isto é lamentável,
considerando que em
fevereiro, por falhas de
comunicação, a FAPES
anunciou o
descredenciamento de
profissionais que não
migrassem de PF (Pessoa
Física) para PJ (Pessoa
Jurídica), a título de
redução de custos com o
PAS.
A medida fez com que
muitos prestadores de
serviços anunciassem a
provável saída do plano,
já que não tinham
interesse naquela
migração. Como houve
muitas reclamações, a
FAPES reconheceu a falha
e estendeu o prazo até
junho e, posteriormente,
até dezembro. Numa
palestra recente foi
informado que, embora
fosse desejável aquela
migração, não haveria
descredenciamento de
profissionais que
permanecessem como PF.
Acrescente-se que
naquela mesma semana a
FAPES comunicava o
descredenciamento do
hospital Barra D’Or,
justificando descaso com
beneficiários ali
internados. Em resposta,
este retaliou anunciando
o fim do convênio com o
atendimento pediátrico
do Copa D’Or. Diante das
reclamações,
principalmente de
beneficiários com filhos
pequenos, foi celebrado
convênio com a pediatria
do Procardíaco e o
credenciamento do
Hospital São Lucas.
Posteriormente, a FAPES
reabriu negociações com
a Rede D’Or e recuou no
descredenciamento. Como
no imbróglio PF/PJ,
ficou o dito pelo não
dito.
Recentemente, em 19 de
julho, tive uma
experiência frustrante
quando participei de uma
palestra sobre a "Nova
Estratégia de Saúde da
FAPES", constituindo no
lançamento da estratégia
de Medicina de Família,
a criação de uma equipe
clínica própria para
pacientes internados
pelas emergências dos
hospitais da rede
credenciada e a expansão
do atendimento
domiciliar aos
beneficiários idosos.
Recebi contatos de uma
médica da minha região,
assim como de uma
assistente social e de
uma enfermeira a quem
poderia recorrer sempre
que precisasse.
Quis o destino que dez
dias depois, num sábado
à noite, minha mãe de 92
anos sofresse uma queda
em casa fraturando a
bacia. Foi atendida num
hospital credenciado com
recomendação de repouso,
analgésicos e
fisioterapia para
recuperação. Esperei a
segunda-feira para fazer
contato com a FAPES a
fim de conhecer o novo
serviço (principalmente
sobre o atendimento
domiciliar para idosos).
Tive dificuldades de
obter orientação com os
contatos passados, que
se limitaram a passar
meu telefone para uma
empresa de "Home Care".
Após a visita de uma
profissional daquela
empresa (assistente
social ou enfermeira),
passei a receber
telefonemas de
profissionais oferecendo
serviços de
fisioterapia,
fonoaudiologia e
nutricionista sem que
sequer minha mãe fosse
examinada e tivesse
necessidade destes
serviços. Depois de uns
dez dias, aquela empresa
encaminhou um prontuário
no qual constava
patologias que minha mãe
nunca teve como
diabetes, edema pulmonar
agudo, câncer de mama,
dentre outros. Com este
desfecho e passadas três
semanas, enviei um "Fale
FAPES" detalhando todo o
ocorrido e somente aí
foi agendada a visita de
um geriatra que examinou
minha mãe e refez o
contato com a empresa de
"Home Care". E até hoje
meu "Fale FAPES" não
obteve resposta.
Felizmente, ela vem se
recuperando bem, sem
qualquer interferência
do novo serviço,
assistida por médicos da
rede credenciada, tendo
aquela empresa apenas
disponibilizado uma
cadeira de rodas quando
ela já iniciava a
fisioterapia com uma
profissional do sistema
livre escolha, e já vem
dando os primeiros
passos.
Não há como deixar de
estabelecer a relação de
tantos equívocos com a
reestruturação realizada
no curso de 2018 com a
demissão de cerca de 80%
do quadro de pessoal da
FAPES. Não se reconstrói
um serviço que sempre
primou pela excelência
na gestão do plano de
saúde em poucos meses.
Mas também não poderia
se deteriorar tanto e em
tão pouco tempo.
Nada contra a busca de
redução de despesas do
PAS e sua adequação a
parâmetros médios de
planos assemelhados. Mas
esta redução não pode se
dar à custa da adoção de
procedimentos não
planejados e
suficientemente testados
e validados. A decisão
de migração dos
credenciados de PF para
PJ, que provocou tanto
mal-estar entre
beneficiários e
prestadores de serviço,
não encontra
justificativa num mundo
em que os meios de
comunicação em papel ou
digital são diversos e
quase instantâneos.
Da mesma forma, não se
concebe que um sistema
como o "Conecta Banner"
seja implantado sem um
teste piloto por
amostragem,
principalmente em
plataforma "web",
instável e vulnerável.
Uma outra questão – que
embora não tenha a ver
com o tema saúde – que
ainda não está clara é a
instituição do "Canal de
Integridade", que será
gerido de forma
independente para
registro de denúncias
pela internet ou por
telefone, de forma
anônima e sigilosa. Qual
a razão deste novo
serviço? Os serviços de
comunicação existentes
não garantiam o sigilo
das informações? A
Ouvidoria não existe? Se
existe, para que a
criação de um canal de
denúncias se estas podem
ser feitas via
Ouvidoria?
Uma outra questão que
não pode ser ignorada é
o descaso com a "Mesa
FAPES", na qual tais
iniciativas poderiam ter
sido anunciadas à
representação dos
empregados. Não a
utilizar deslegitima a
conquista deste
importante canal de
interlocução e espaço de
mediação entre os
interesses da FAPES e de
seus participantes,
representados pelas
Associações. Acredito
que se algumas destas
demandas fossem lá
discutidas, tais
ocorrências seriam
minimizadas. As AFs não
devem ser acionadas
apenas para coadjuvar
nas justificativas de
falhas de gestão do PAS.
Finalizando, espero que
a partir destas
experiências a FAPES
conecte-se de fato com
os beneficiários do PAS,
estabelecendo diretrizes
e ações nas quais sejam
ouvidos seus
beneficiários,
profissionais
credenciados e suas
entidades
representativas para que
fatos assim não se
repitam.