A AFBNDES considera completamente
insatisfatória a
Nota de
Esclarecimento da direção do BNDES para
explicar
“a
decisão da diretoria de Governo e
Infraestrutura
[sob o
comando da diretora Karla Bertocco]
de afastar a chefe do Departamento de
Meio Ambiente da função comissionada que
exercia”.
O mais grave da
nota
da direção do Banco
é tentar passar como natural o que é uma
excepcionalidade. Não é verdade que a
decisão
do
afastamento
“reflete
prática natural enquanto se esclarecem
as questões levantadas”.
Ao contrário, ao menos no BNDES
tal decisão
não conhece precedente,
haja vista que até hoje
comissões de
apuração interna foram abertas sem
o
afastamento dos investigados.
Também
depõe contra a suposta normalidade do
procedimento a própria situação do
presidente do Banco,
que é investigado pelo
Tribunal de
Constas da União (TCU),
assim como
a
do ministro
do Meio Ambiente,
que está sob investigação criminal, além
de já ter sido condenado em primeira
instância
por
improbidade
administrativa.
Note-se que o caso
da chefe
do Departamento de Meio Ambiente não é
comparável a qualquer um dos
citados,
uma vez que o afastamento
ocorre antes de iniciada qualquer
investigação, como esclarece a própria
nota da diretoria do BNDES no seu
segundo item.
Tão grave quanto
o
afastamento
foi o motivo
que levou a
diretoria
a afirmar a
possibilidade de abertura da investigação.
A decisão é, segundo a nota do BNDES,
baseada
em
alegações do
ministro
do Meio Ambiente sobre supostas
irregularidades
na gestão
do Fundo
Amazônia. Estamos falando de um dos
mecanismos financeiros mais controlados
e auditados do país: duas auditorias
anuais específicas independentes
(financeira
e de compliance);
reunião anual com doadores que
periodicamente realizam avaliações
independentes – recentemente
a Noruega e
o KFW
fizeram
avaliações com resultados positivos
sobre o Fundo;
obrigações de transparência
–
com site específico e elaboração de
“reportes”;
além dos controles usuais a que o BNDES
está submetido (auditoria interna,
ouvidoria, CGU e TCU). Em 2018, o TCU
realizou auditoria sobre projetos do
Fundo
Amazônia
com visitas in loco, com conclusões
positivas sobre a gestão e efetividade
dos projetos apoiados (TC
018.242/2017-0). Nenhuma das auditorias
ou avaliações indicou qualquer tipo de
irregularidades na gestão do Fundo.
Um importante
agravante deve ser adicionado para que
os empregados do BNDES possam julgar
objetivamente
a decisão da
Alta
Administração
do Banco. O
ministro
do Meio Ambiente,
desde o início do ano, vem
apresentando
comportamento
truculento e persecutório,
de
conhecimento da
própria
diretoria do BNDES, uma vez que em mais
de uma oportunidade
aproveitou
visitas ao Banco para tentar intimidar
empregados
da Casa
com
o objetivo de obter
informações sem
respeito a qualquer protocolo
administrativo. As atitudes do
ministro
foram testemunhadas
pelo
presidente e por diretores
do BNDES. No mais, a atitude em relação
ao
Banco está
em
sintonia
com o que,
segundo a
imprensa, é
notório
na
conduta do
ministro.
Fazendo
jus
a sua reputação, depois de muito alarde,
a conferência à imprensa sobre
a
suposta
“auditoria”
no
Fundo Amazônia revelou que sua
comunicação
se limitava
a um
conjunto de interrogações superficiais
sobre as
operações.
Como os jornalistas descobriram que a
CGU negou envolvimento nas
“investigações”,
e diante
do vazio
de sua exposição, o próprio ministro
reconheceu
na coletiva
que seu
trabalho não
se
consistiu numa
“auditoria”,
como havia
dito – e abandonou
a conferência,
deixando os jornalistas assombrados com
o que haviam presenciado.
Resumo da
história: o BNDES destitui uma empregada
exemplar de suas funções em
razão
de um blefe
do ministro
do Meio Ambiente.
Estamos decepcionados
com a atitude do
presidente Joaquim Levy. Como homem
público experimentado
–
particularmente em relação a seus demais
colegas de governo
–,
tínhamos outra expectativa sobre o papel
que cumpriria na
instituição.
Submeter o Banco
à
ingerência da ala
“ideológica”
do governo estava fora dos nossos
prognósticos.
Voltamos a alertar os
empregados do BNDES. O país precisa da
nossa instituição. Não propomos um
movimento em nome da defesa de
interesses corporativos, mas em nome do
verdadeiro espírito patriótico que
tantas vezes
inspirou o
povo brasileiro a
ações mais ousadas. Como disse
recentemente um colega, não há banco de
desenvolvimento sem ousadia. O mesmo
vale para a defesa política dessa
instituição.
Pela
defesa do BNDES, do desenvolvimento e da
democracia!
Pela reconsideração da decisão da
decisão de afastamento
da
chefe do
Departamento
de Meio Ambiente!
Todos
ao ato de desagravo marcado para as
14h30 de hoje no térreo do Edserj! |