Desigualdades de gênero e raça num período de 20 anos
 
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No Dia Internacional da Mulher, celebrado ontem (8 de março), mulheres cariocas se reuniram na Candelária para protestar contra a reforma da Previdência
 
 
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na última segunda-feira (6), em função do Dia Internacional da Mulher, celebrado ontem, destaca que as mulheres brasileiras trabalham em média 7,5 horas a mais que os homens por semana. Em 2015, a jornada total média das mulheres era de 53,6 horas, enquanto a dos homens era de 46,1 horas. Em relação às atividades não remuneradas, mais de 90% das mulheres declararam realizar atividades domésticas – proporção que se manteve quase inalterada ao longo de 20 anos, assim como a dos homens (em torno de 50%). O estudo – Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça – foi feito com base em séries históricas de 1995 a 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.

Natália Fontoura, especialista em políticas públicas e gestão governamental e uma das autoras do trabalho, ressalta que o fato de exercer atividade remunerada não afeta as responsabilidades assumidas pelas mulheres com as atividades domésticas, apesar de reduzir a quantidade de horas dedicadas a elas. "As mulheres ocupadas continuam se responsabilizando pelo trabalho doméstico não remunerado, o que leva à chamada dupla jornada".

Segundo o Ipea, quanto mais alta a renda das mulheres, menor a proporção das que afirmaram realizar afazeres domésticos – entre aquelas com renda de até um salário mínimo, 94% dedi-cavam-se aos afazeres domésticos, contra 79,5% entre as mulheres com renda superior a oito salários mínimos. Em situação inversa estão os homens. A parcela dos que declararam realizar trabalho doméstico é maior entre os de mais alta renda: 57% dos que recebiam de 5 a 8 salários mínimos diziam realizar esses afazeres, proporção que cai a 49% entre os que tinham renda mais baixa.

Rendimentos – Apesar de, proporcionalmente, o rendimento das mulheres negras ter sido o que mais se valorizou entre 1995 e 2015 (80%), e o dos homens brancos ter sido o que menos cresceu (11%), a escala de remuneração manteve-se inalterada em toda a série histórica: homens brancos têm os melhores rendimentos, seguidos de mulheres brancas, homens negros e mulheres negras. A diferença da taxa de desocupação entre sexos também merece registro: em 2015, a feminina era de 11,6%, enquanto a dos homens atingiu 7,8%. No caso das mulheres negras, ela chegou a 13,3% (e 8,5% para homens negros).

Chefias das famílias – Os lares brasileiros, cada vez mais, estão sendo chefiados por mulheres. Em 1995, 23% dos domicílios tinham mulheres como pessoas de referência. Vinte anos depois, esse número chegou a 40%. Cabe ressaltar que as famílias chefiadas por mulheres não são exclusivamente aquelas nas quais não há a presença masculina: em 34% delas, havia a presença de um cônjuge.

Paralelamente ao aumento do número de famílias chefiadas por mulheres, destaca o estudo, houve uma gradativa reconfiguração dos tipos de arranjos familiares. Se, em 1995, o tipo mais tradicional, formado por um casal com filhos, respondia por cerca de 58% das famílias, em 2015 esse percentual caiu para 42%, tendo aumentado de maneira significativa o número de domicílios com somente uma pessoa e também o percentual de casais sem filhos.

Menos mulheres jovens como domésticas – A quantidade de trabalhadoras domésticas com até 29 anos de idade caiu mais de 30 pontos percentuais no período analisado: de 51,5% em 1995 para 16% em 2015. No entanto, o emprego doméstico ainda era a ocupação de 18% das mulheres negras e de 10% das mulheres brancas no Brasil em 2015. Já a renda das domésticas saltou 64% nesses 20 anos, atingindo o valor médio de R$ 739,00 em 2015. Porém, mesmo com esse crescimento, ainda estava abaixo do salário mínimo, que, à época, era de R$ 788,00.

O número de trabalhadoras formalizadas também aumentou: se, em 1995, 17,8% tinham carteira, em 2015 a proporção chegou a 30,4%. Mas a análise dos dados da Pnad sinalizou uma tendência de aumento na quantidade de diaristas no país. Elas eram 18,3% da categoria em 1995 e chegaram a 31,7% em 2015.

Diferença de escolaridade – Nos últimos anos, mais brasileiros e brasileiras chegaram ao nível superior. Entre 1995 e 2015, a população adulta negra com 12 anos ou mais de estudo passou de 3,3% para 12%. Entretanto, o patamar alcançado em 2015 pelos negros era o mesmo que os brancos tinham já em 1995. A população branca, quando considerado o mesmo tempo de estudo, praticamente dobrou nesses 20 anos, variando de 12,5% para 25,9%.

 
Mulheres protestam contra a reforma da Previdência no seu dia
 

reprodução

Mulheres contra a reforma da Previdência: Audiência Pública na Câmara dos Deputados em 8 de fevereiro
 

O Dia Internacional da Mulher, celebrado ontem, 8 de março, teve como tema central, no Brasil, a luta contra o projeto de reforma da Previdência Social, com o lema: "Aposentadoria fica, Reforma sai". Manifestações aconteceram em diversas cidades do país. No Rio, houve concentração de mulheres na Candelária, de onde seguiram em passeata pela Av. Rio Branco. Participaram da organização entidades do movimento feminista, sindicatos, como o dos Bancários, centrais sindicais e partidos políticos. O projeto de Temer, em discussão na Comissão Especial da Câmara, tem como objetivos estender ao máximo o tempo exigido para se aposentar e reduzir o valor a ser recebido.

A diretora da Secretaria de Imprensa do Seeb-Rio, Vera Luiza Xavier, chamou atenção para o fato de que o projeto prejudica as mulheres ainda mais do que aos homens. Hoje as mulheres adquirem o direito de se aposentar ao completar 30 anos de contribuição e o homem, ao completar 35. "Pela proposta covarde de Temer, homens e mulheres só poderão se aposentar a partir de 65 anos, a chamada idade mínima. E para receber o benefício integral terão que contribuir por 49 anos. Além disso, as viúvas não receberão o mesmo valor da aposentadoria do marido, mas apenas 60% dele".

Em documento, as entidades organizadoras das manifestações de 8 de março lembraram que a desigualdade de gênero na sociedade e no mundo do trabalho impacta diretamente as mulheres, mas foi ignorada quando as novas regras da aposentadoria foram pensadas.

 
 
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Reunião com AARH sobre PBB no dia 22

Será realizada, no dia 22 de março, reunião dos presidentes das Associações de Funcionários do Sistema BNDES e da APA com a Área de Administração e  Recursos Humanos (AARH) sobre relatório da Deloitte – empresa contratada pelo Banco para auditar o Plano Básico de Benefícios (PBB) da FAPES e oferecer um segundo ponto de vista sobre o plano. Mais três encontros do tipo, garantidos pelo Acordo Coletivo de Trabalho de 2016, serão realizados nos meses de junho, setembro e dezembro deste ano.